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Locação de usinas, Mercado Livre de Energia, inversão do fluxo de potência e dificuldade de crédito. Será o fim da Geração Distribuída (GD)?

Desde o começo deste ano, os integradores de energia solar vem sofrendo dificuldades com as vendas de sistemas fotovoltaicos.

No começo do ano chegou-se ao consenso, de que, o que acelerou a queda nas vendas, em grande parte, foi o marketing de escassez utilizado no final de 2022, por conta da Lei 14.300. 

Muitas vendas foram antecipadas e grande parte dos integradores ficaram sem argumentos, para evidenciar que o investimento em energia solar ainda é muito viável. Isto, somado a dificuldade de aprovação de crédito, ajudou a frear os investimentos em energia solar.

Agora no segundo semestre, apareceram novos “ vilões” para a geração distribuída, como a abertura do mercado livre de energia, maior evidência da locação de usinas e reprovação de novos projetos pelas concessionárias, com base em brechas na lei.

Neste artigo, irei fazer um resumo sobre cada um destes “vilões” e tentarei traçar um panorama sobre o futuro da geração distribuída. 

Inversão do fluxo de potência: 

De acordo com o artigo 73, da resolução 1000, as concessionárias podem reprovar projetos de novos sistemas, alegando distúrbios ao sistema de distribuição e devem apresentar alternativas para a conexão destes projetos reprovados.

Mas, conforme foi visto nos últimos dias, não foi o que aconteceu e vários projetos foram reprovados, alegando inversão do fluxo de potência.

O que causou novamente, revolta e prejuízos aos integradores de energia solar. 

Segundo estudos que acompanhei, a inversão de fluxo por si só, não pode ser uma justificativa técnica para a reprovação destes projetos. Apesar de constar na resolução, as distribuidoras devem apresentar estudos mais aprofundados, sobre o motivo da reprova, o que não vem acontecendo.

Começaram então os movimentos para pedido de revisão deste artigo da lei, o que tem embasamento técnico, segundo especialistas. 

Diante disso, vários integradores se uniram em grupos, em sua maioria no whatsapp, se organizando para pleitear seus direitos e lutar pelo avanço da geração distribuída. 

Diante deste movimento, no momento em que escrevo este artigo (agosto de 2023), algumas vitórias foram conquistadas junto às distribuidoras, graças à união de integradores, players conhecidos do setor, associações e alguns políticos.

Uma das vitórias foi a manifestação de uma concessionária, que passou a revisar e aprovar projetos de microgeração negados anteriormente.      

Isto quer dizer que foi solucionado o problema? Não!

Mas mostra que quando há união no setor, coisas boas podem ser conquistadas. 

Fica o agradecimento a todos que se empenharam em várias esferas, para mais uma vez lutar pelo setor, não citarei nomes, para não correr o risco de esquecer alguém. 

Abertura do Mercado Livre de Energia:

A abertura do Mercado Livre para consumidores do Grupo A, já era prevista desde setembro de 2022, pela Portaria Normativa Nº 50.

Muitos podem enxergar esse movimento como uma ameaça à geração distribuída. Porém, pode haver uma oportunidade de expansão de negócios nas empresas integradoras.

Acompanhando também, estudos de especialistas do setor, o Mercado Livre de Energia abre novas oportunidades de negócios, como a autoprodução de energia, sistemas de geração junto a carga em grid zero, entre outros modelos de negócio.

Então, temos benefícios para o consumidor final e novas oportunidades para os integradores.

Locação de usinas e usinas por assinatura:

Este é um modelo de negócio que foi crescendo de maneira mais seleta, muito  por conta da expertise necessária para fazer o modelo rodar e ser lucrativo, ou também, por conta da desconfiança do brasileiro sobre economizar sem precisar investir.

Quando o modelo se tornou mais evidente e procurado, cresceu a necessidade de novas usinas, para abastecer os novos locatários, cooperados e associados. Por isso a alta procura pelo modelo de negócio.


Este negócio ainda se mantém vantajoso para os investidores e beneficiários, graças às regras de transição da Lei 14.300. 

Mas, para novos investimentos, é imprescindível um estudo criterioso, considerando os vários cenários da valoração dos benefícios da MMGD e as novas regras do sistema de compensação.  

Dificuldade de aprovação de linhas de crédito:

Outro ponto, levantado por especialistas do mercado, que contribuiu para a queda das vendas de sistemas fotovoltaicos é a  dificuldade de se aprovar financiamentos e se obter linhas de crédito. Ou seja, apesar da queda dos preços dos produtos, a falta de financiamento dificultou as vendas.

Mas, em contrapartida, o setor se movimentou e criou novas formas de viabilizar a compra dos equipamentos, como exemplo, a divisão em vários cartões de crédito com taxas convidativas.

Mesmo com as taxas de juros maiores, o investimento em energia solar, principalmente para geração junto a carga, ainda é um dos mais atrativos do mercado, devido a baixa dos preços e a rentabilidade do investimento

Então, se o cliente conseguir enxergar o investimento como um dos mais seguros (pois irá blindá-lo da inflação energética, além de proporcionar conforto e rentabilidade), ele o colocará como prioridade.

E quanto ao futuro da geração distribuída (GD)?

Se observarmos o movimento que ocorreu em outros países, a geração de energia distribuída não vai deixar de existir. 

Outros modelos de negócios irão surgir e novas estratégias serão traçadas pelas empresas integradoras.

Sobre o aspecto da regulamentação,  poderão ocorrer novas “batalhas”. Mas, com a união de todos os players do setor e com ajuda de alguns políticos que ainda defendem o setor, a geração distribuída ainda poderá prosperar. 

O crescimento e amadurecimento do setor pode ser doloroso. Mas essas mudanças fomentarão a chegada de novas soluções!

Projetos híbridos começaram a se tornar mais populares, com a necessidade de projetos com bateria. O que ajudará a flexibilizar os valores de tais investimentos.

A capacitação, já citada em outros artigos, ainda será um dos pilares das empresas integradoras de soluções.

Os projetos de geração junto a carga tem grande potencial, para se tornarem o carro chefe das empresas nos próximos anos. Tanto na geração distribuída, quanto no mercado livre de energia.

A expertise em projetos híbridos e a flexibilização do mercado de baterias, irão levar as empresas a um novo patamar em breve.

Sigamos firmes em prol do setor!

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