O mercado de energia solar fotovoltaica amadureceu. Os integradores que dominaram a arte de transformar telhados em usinas de economia agora se deparam com uma nova pergunta: qual é a próxima fronteira de crescimento?

A resposta está na garagem, nos pátios de transportadoras e nos centros de distribuição. A eletrificação da mobilidade, especialmente no setor de logística urbana, não é apenas uma tendência, mas uma oportunidade de negócio imediata para quem já domina a geração de energia.

Este artigo não fala apenas de carros de passeio. O foco é a revolução silenciosa que acontece nas frotas de entrega. Impulsionada pelo crescimento significativo do e-commerce, a logística urbana tornou-se o campo de batalha do varejo.

E é aqui que o integrador solar, mais do que um fornecedor de painéis, se posiciona como um parceiro estratégico indispensável, pronto para expandir seu faturamento. Vamos detalhar como ao longo do texto.

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O cenário: por que a logística urbana é uma mina de ouro?

O crescimento do e-commerce no Brasil é impressionante. Segundo o relatório Webshoppers, produzido pela NIQ Ebit, em 2024, o setor movimentou R$ 351,4 bilhões, um aumento de 19,1% em relação ao ano anterior. Cada compra online demanda uma entrega física, e o custo da distribuição urbana já representa 23,4% de todos os custos logísticos no país. Para as empresas que vivem de entregar produtos, otimizar essa operação é questão de sobrevivência.

É aqui que a eletrificação entra como uma solução economicamente racional. A frota atual, baseada em diesel, sofre com custos voláteis de combustível e manutenção elevada. Um Veículo Urbano de Carga (VUC) elétrico, por outro lado, pode gerar uma economia de mais de R$ 113 mil em três anos apenas com a redução desses dois itens.

Um bom exemplo é o famoso e-commerce Mercado Livre, que fechou o ano de 2024 com uma das maiores frotas de mobilidade elétrica da América Latina, contabilizando mais de 3.600 veículos.

O crescimento da frota é acompanhado pela instalação de novos pontos de carregamento para dar suporte e possibilitar o funcionamento da operação. Com isso, além da economia com combustíveis regulares (R$), a empresa evitou a emissão de mais de 11.000 toneladas de CO2, reforçando seu compromisso com a sustentabilidade.

Distribuição da frota elétrica do Mercado Livre na América Latina. Fonte: Relatório de Impacto do Mercado Livre 2024.

Além da economia, os VUCs elétricos oferecem uma vantagem competitiva importante em grandes cidades: eles são frequentemente isentos de restrições de circulação, como a Zona de Máxima Restrição de Circulação (ZMRC) em São Paulo. Isso significa mais flexibilidade, entregas mais rápidas e a capacidade de operar enquanto a concorrência está parada.

O alvo inicial ideal para o integrador são as empresas de e-commerce “Pure Players” (que operam 100% online). Elas cresceram 38,1% em 2024 e, por serem nativas digitais, buscam a otimização de custos operacionais (TCO) e eficiência, tornando-as mais abertas a adotar soluções inovadoras como a nossa.

Como inovar o portfólio com novos serviços e produtos relevantes para o mercado?

A oportunidade para o integrador pode ser estruturada em três níveis de oferta, do mais simples ao mais sofisticado.

Ponto de entrada: venda e instalação de carregadores (EV Chargers)

Este é o primeiro passo para entrar no mercado. A oferta consiste na venda e instalação de hardware de recarga, aproveitando sua expertise em projetos elétricos. É fundamental dominar os dois tipos principais:

  • Carregadores AC (Corrente Alternada – 7 a 22 kW): mais lentos, ideais para o modelo de recarga noturna (“return-to-base”), quando os veículos da frota retornam ao centro de distribuição.
  • Carregadores DC (Corrente Contínua – 24 a 350+ kW): carregadores rápidos, essenciais para operações que precisam de “recargas de oportunidade” durante o dia para manter os veículos rodando.

O grande diferencial: projetos com carports solares

Aqui está a nossa maior vantagem competitiva. Em vez de apenas instalar um carregador, você oferece uma solução energética completa. A proposta é transformar o pátio de estacionamento do cliente em uma usina de energia funcional.

  • Argumento de venda: o carport solar gera energia limpa e de baixíssimo custo exatamente no ponto de consumo, eliminando perdas, taxas da rede e isolando o cliente da volatilidade das tarifas de energia. A recarga de uma frota pode demandar mais de 1,5 MW, exigindo upgrades caros e demorados na conexão com a concessionária. O sistema fotovoltaico resolve esse gargalo.
  • Argumento de sustentabilidade: a combinação de VUCs elétricos com energia solar cria uma narrativa de “emissão zero”, uma poderosa ferramenta de marketing e alinhamento com metas ESG (Ambiental, Social e Governança) para o seu cliente.

O modelo definitivo: energia como serviço (EaaS – Energy as a Service)

Este é o modelo de negócio mais avançado e lucrativo. A proposta é remover a principal barreira para o seu cliente: o alto investimento inicial (CAPEX). Em vez de vender os ativos, você vende o resultado.

  • Como funciona: o integrador projeta, financia, instala e opera toda a infraestrutura (carport solar + carregadores). O cliente não compra nada disso; ele paga uma taxa mensal (fixa ou por kWh) e recebe em troca a garantia de energia limpa e barata para rodar sua frota.
  • Vantagens para você: este modelo transforma a receita pontual de um projeto em um fluxo de receita recorrente e de longo prazo (5 a 15 anos), aumentando o valor da sua empresa e criando uma parceria estratégica com o cliente, praticamente eliminando a concorrência.

Como se preparar: o que o integrador precisa para capturar esse mercado?

Para aproveitar essa onda, o integrador precisa expandir sua abordagem de mercado.

  • Capacitação técnica: é essencial buscar conhecimento específico. Cursos como o de “Instalação de Recarregadores de Veículos Eletrificados” do SENAI são um ótimo ponto de partida, abordando normas técnicas e a integração de tecnologias.
  • Domínio do Argumento Financeiro (TCO): a venda deixa de ser sobre o preço do equipamento e passa a ser sobre o Custo Total de Propriedade (TCO). O integrador deve se tornar um consultor financeiro, demonstrando com dados que a solução elétrica integrada é economicamente superior ao diesel no longo prazo.
  • Conhecimento sobre financiamento e incentivos: é importante dominar as linhas de financiamento disponíveis, como o BNDES Finame – Baixo Carbono, que pode financiar até 100% do projeto (veículos, painéis e carregadores). Além disso, é preciso mapear incentivos fiscais, como o reembolso de parte do IPVA em São Paulo para veículos elétricos.
  • Parcerias estratégicas: ninguém faz tudo sozinho. Formalize parcerias com fornecedores de carregadores de primeira linha (Tier 1) para garantir bom suporte e preços. Inicie conversas com fabricantes de VUCs para explorar ofertas conjuntas.

A eletrificação da logística urbana é a evolução natural do mercado de Geração Distribuída. O integrador que enxergar além do telhado e se posicionar como um provedor de soluções completas de energia e mobilidade não apenas sobreviverá, mas prosperará.

A oportunidade vai além da instalação de equipamentos; trata-se de oferecer eficiência operacional e um caminho claro para a sustentabilidade. Para o cliente, é a rota para a competitividade. Para você, integrador, é a estrada para um novo patamar de faturamento.

O que você acha dessa tecnologia? Já está explorando o mercado de carregadores para veículos elétricos? Compartilhe sua experiência nos comentários!

Author

Engenheiro Eletricista com especialização em energia solar. Possui experiência de 3 anos com vendas, dimensionamento e monitoramento de sistemas fotovoltaicos. Com o aprimoramento e estudo diário, auxilia o time do Luvik no desenvolvimento de novas funcionalidades e na criação de conteúdos que auxiliam o integrador a gerar mais valor aos seus clientes.

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