A inversão de fluxo de potência é um tema que tem gerado bastante discussão no setor elétrico. O integrador de energia solar precisa conhecer as regras e regulamentações aplicáveis, para saber como proceder diante desse cenário.

Neste artigo, vamos explicar o que é a inversão de fluxo de potência e como a sua empresa pode lidar com essa situação. 

O que é a inversão de fluxo de potência?

A inversão de fluxo de potência ocorre quando a energia gerada por um sistema solar instalado em uma unidade consumidora é direcionada para a rede elétrica, ao invés de seguir o fluxo tradicional da rede em direção à unidade consumidora. 

Isso pode acontecer, por exemplo, quando uma ou várias unidades consumidoras em uma determinada área, possuem sistema de geração de energia e estão gerando mais energia do que estão consumindo em determinado momento.

Essa inversão pode causar problemas como sobrecarga, desequilíbrio de tensão e interrupção no fornecimento de energia, dependendo do caso.

Esse fenômeno pode afetar tanto a rede de baixa tensão quanto a rede de média e alta tensão, sendo importante ressaltar que a inversão de fluxo é natural no sistema elétrico, e o simples fato dela existir não configura danos ao sistema e deve ser analisada caso a caso. 

Regras e regulamentações

As regras e regulamentações relacionadas à inversão de fluxo de potência foram estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), de acordo com o entendimento da Lei 14.300/2022 e acrescentadas na Ren 1000/2021 em seu artigo 73.

Este artigo da REN 1000/2021, define quais as alternativas viáveis de conexão, a distribuidora deve apresentar ao consumidor, quando detectada a inversão de fluxo de potência. 

Essa condição  deve constar no orçamento de conexão juntamente com sua análise e demonstrações da ocorrência de inversão de fluxo.

Análise das alternativas

Conforme dito, quando ocorre uma inversão de fluxo de potência, a distribuidora de energia deve realizar estudos para identificar as alternativas viáveis que eliminem essa inversão.

Foram  estabelecidas cinco alternativas que devem ser analisadas pela distribuidora:

  • Reconfigurar o circuito ou remanejar a carga
  • Definir um outro circuito para conexão
  • Conectar em outro nível de tensão superior
  • Reduzir a potência injetada de forma permanente
  • Reduzir a potência injetada em horários específicos

A distribuidora deve realizar uma análise completa de todas as alternativas, identificando aquelas que são viáveis e que possuem o menor custo global. 

Fato este, que vem sendo alvo de cobranças por parte dos integradores de energia solar, para que esse item seja cumprido em sua totalidade.

É importante que todas as alternativas sejam analisadas e apresentadas ao consumidor, que poderá escolher a melhor opção para seu projeto. 

Além disso, a distribuidora deve fornecer todos os parâmetros necessários para que o consumidor possa verificar os estudos realizados.

Reclamações e prazos

Caso a distribuidora não apresente o orçamento de conexão completo ou não analise adequadamente as alternativas, o consumidor pode registrar uma reclamação na ouvidoria da distribuidora, não obtendo a resolução do caso, deve protocolar a reclamação na ANEEL. 

A distribuidora deve corrigir o orçamento de conexão e reavaliar as alternativas. 

Caso a solicitação não seja atendida, fica a opção de judicialização por parte dos integradores e consumidores, que irão questionar o não cumprimento do Artigo 73 em sua totalidade, por meio do judiciário.

Conclusão

A inversão de fluxo de potência é um desafio que deve ser enfrentado tanto pelas distribuidoras, com melhorias, investimentos na rede distribuição e maior transparência nos processos, quanto pelos consumidores que devem cobrar o direito de gerar sua própria energia.

Segundo a Absolar, a diretoria da Aneel colocou em pauta, a abertura de audiência pública para tratar das mudanças no Artigo 73, na reunião do dia 28/11/2023.

E segundo o Movimento Solar Livre, o Superintendente da Aneel Carlos Mattar, já sinalizou como positivas as mudanças, em reunião com o corpo técnico  da associação.

Sabemos dos benefícios da geração distribuída e esperamos que com os esforços e união dos integradores com suas associações, distribuidores, consumidores e demais players do setor, possam levar a uma solução em prol da geração distribuída.

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Engenheiro Eletricista com especialização em energia solar. Possui experiência de 3 anos com vendas, dimensionamento e monitoramento de sistemas fotovoltaicos. Com o aprimoramento e estudo diário, auxilia o time do Luvik no desenvolvimento de novas funcionalides e criação de conteúdos que auxiliam o integrador a gerar mais valor aos seus clientes.

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