Os sistemas Grid Zero tem se tornado uma solução promissora e inovadora para o cenário atual, devido a diversos contextos regulatórios, sejam eles técnicos ou de mitigação de custos. Mas ao embarcar nessa jornada, surge mais uma dúvida crucial: é necessário homologar os projetos Grid – Zero? Quais os componentes do sistema?
No artigo de hoje vamos discorrer sobre essa tecnologia e te guiar nesse processo, oferecendo insights, normas das distribuidoras e ofícios da Aneel. A intenção deste artigo é ajudar a sua empresa a garantir segurança, confiabilidade e sucesso do seu projeto.
O que são sistemas de energia solar Grid Zero?
É comum o consumidor pensar que sistemas de energia solar Grid Zero são projetos totalmente desconectados da rede elétrica. Na verdade, o objetivo de projetos desse tipo é “zerar” ou limitar a injeção de energia excedente gerada localmente. Ou seja, ao invés do sistema enviar esse excedente para a distribuidora, ele a utiliza estratégias inteligentes para consumir a energia instantaneamente e manter a confiabilidade da rede.
Quais são os clientes potenciais para aplicações estratégicas da tecnologia Grid Zero:
- Clientes que buscam soluções sustentáveis para seus negócios e encontram neste projeto, uma solução alternativa e vantajosa para aproveitamento da energia solar.
- Clientes com limitação de injeção ou locais onde a exigência de obras para conexão do projeto, pode tornar a injeção na rede onerosa.
- Grandes consumidores no mercado livre de energia, que ao adotar a solução, reduzem consideravelmente encargos e uso da rede, além de mitigar os custos com adequações.
É preciso realizar a homologação ou comunicação à distribuidora?
A homologação de sistemas fotovoltaicos, incluindo aqueles em regime Grid Zero, é um tema que gera muitas dúvidas e incertezas. Para esclarecer de vez, vamos analisar as legislações pertinentes.
O que diz a Lei 14:300/22?
A lei 14300/22 estabelece a obrigatoriedade de homologação para todos os sistemas fotovoltaicos conectados à rede e participantes do sistema de compensação de energia, ou seja, sistemas que podem gerar excedentes, injetar na rede da distribuidora e utilizar dos mesmos no momento oportuno.
O que diz a Resolução Normativa nº 1.000/2021:
A Resolução Normativa nº 1.000/2021 reforça essa obrigatoriedade e define os requisitos técnicos para a conexão e operação de sistemas fotovoltaicos. Essa normativa trata também das penalidades e sanções que o consumidor possa vir a ter em função de conexões sem o conhecimento da distribuidora.
Em seus artigos 44 e 355:
“Art. 44. Caso as instalações do consumidor ou dos demais usuários provoquem distúrbios e/ou danos ao sistema elétrico de distribuição, ou a outras instalações e equipamentos elétricos, desde que comprovados, a distribuidora deve exigir, por meio de comunicação escrita, específica e com entrega comprovada”
“Art. 355. A distribuidora pode suspender o fornecimento de energia elétrica por razões de ordem técnica ou de segurança nas instalações do consumidor e demais usuários, precedida da notificação do art. 360, nos seguintes casos:”
Porém em nenhuma dessas diretrizes existe um tópico que trata especificamente de sistemas Grid – Zero que não injetam na rede. Então, nesse cenário, eu não preciso homologar meu projeto?
Pelo contrário, aí reside a oportunidade de fazer o certo!
A ANEEL, no Ofício nº 149/2022, reconhece que os sistemas Grid – Zero não injetam energia na rede, mas ainda assim exigem a comunicação à distribuidora local.
“Desde que a potência instalada seja menor ou igual a 5 MW, o sistema de geração zero grid se caracteriza como uma central geradora de capacidade reduzida. Conforme a Lei n° 9.074/1995, as centrais geradoras de capacidade reduzida não necessitam de outorga do poder concedente para serem implantadas. No entanto, a mesma Lei estabelece que a existência dessas centrais deve ser informada ao poder concedente, para fins de registro”
Essa comunicação, muitas vezes confundida com homologação, visa garantir a segurança do sistema e da rede elétrica, evitando falhas, acidentes e distúrbios.
Como devo formalizar a comunicação do sistema Grid Zero junto à distribuidora?
As distribuidoras e a Aneel, têm em suas normas técnicas, diferentes tratativas para definir como o consumidor deve realizar essa comunicação. Veja um exemplo de como as entidades classificam esse tipo de consumidor.
1 – Centrais geradoras com capacidade reduzida (Aneel)
2 – Autoprodutores sem venda de excedentes (Cpfl)
3 – Operação em paralelismo permanente (Cemig)
Embora, em sua maioria, as normas não trazem explicitamente o nome Grid Zero, as concessionárias possuem regras específicas para as conexões em paralelo com a sua rede. Cada uma delas disponibiliza formulários, para que o consumidor possa formalizar esse pedido de conexão. Disponibilizamos alguns desses links no final do artigo.
Vamos verificar como a Cemig-D trata essa questão:
Disponibilizamos aqui um trecho da norma da Cemig, para acesso de produtores de energia elétrica ao sistema de média tensão. Dica: pesquise por paralelismo permanente.
“3.2.4.7 Geração própria (Sem injeção de potência na rede de distribuição)
Refere-se aos geradores de fontes não habilitadas para injeção de potência na rede de distribuição, tais como grupos motores-geradores movidos à diesel, gás ou sistemas fotovoltaicos que atendam exclusivamente cargas internas da unidade consumidora.
A energia gerada por estas fontes não poderá fazer parte do sistema de compensação de energia, ou seja, não poderá ser injetada no sistema da distribuidora.
Nos casos em que a geração própria operar em paralelismo permanente com a rede de distribuição, deverão ser adotados os requisitos de proteção definidos no item 3.2.4.9 de forma a garantir a operação adequada desta modalidade de geração.”
Chegamos então à conclusão, que embora não seja um processo “simples” como a homologação de sistemas ongrid, a comunicação de implantação de projetos Grid -Zero deve ser formalizado junto à distribuidora.
Quais são os componentes essenciais de um sistema Grid Zero?
Além dos componentes habituais dos sistema On Grid (Sistemas conectados à rede com injeção de energia), habituais em nosso cotidiano, os sistemas Grid – Zero necessitam de um controlador para limitar ou “zerar” a injeção na rede.
Um controlador para sistemas Grid Zero é um equipamento essencial para garantir o bom funcionamento dos projetos focados no autoconsumo de energia.
Com um sistema de monitoramento do autoconsumo, ele possibilita a limitação de exportação de energia, garantindo a eficiência do sistema.
Além disso, oferece suporte online de monitoramento e serviço online, facilitando a gestão e manutenção do sistema. Com TCs flexíveis e inclusos, conexões RS485 e conexão com a internet, o controlador proporciona uma solução completa e confiável para a gestão de energia em projetos Grid Zero.
Regularização do sistema Grid Zero: Um diferencial para o seu sucesso
Embora a comunicação ou regularização possa parecer um processo não habitual para o integrador solar, , ela se revela um diferencial crucial para o seu projeto, garantindo:
Segurança: garante a proteção de pessoas, equipamentos e da rede elétrica, minimizando riscos e tranquilizando você e seus clientes.
Regularidade: assegura que seu sistema esteja em conformidade com as normas da ANEEL e da distribuidora local, evitando multas e problemas legais.
Profissionalismo: demonstra compromisso com a qualidade e o rigor técnico, elevando a imagem da sua empresa e fidelizando clientes.
Destaque no mercado: diferencia seu negócio da concorrência, atraindo clientes que valorizam a segurança, a regularidade e a expertise técnica.
É verdade que os projetos de sistemas Grid Zero podem apresentar alguns desafios, demandar um nível maior de conhecimento e paciência do integrador para procurar normas e ofícios a respeito do assunto.
No entanto, não desanime!
Busque informações sobre os normativos da ANEEL e da sua concessionária local, mantenha-se atualizado.
Conte com o apoio de profissionais experientes para auxiliar a sua empresa nesse processo. O networking com profissionais que já atuam no setor é muito importante para troca de experiências.
Lembre-se: o conhecimento é a chave para o sucesso!
Você já trabalha com projetos em Grid Zero? Quais são os seus principais desafios?
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Aproveite os links úteis abaixo e conte conosco para te auxiliar nessa jornada!
Norma de acesso média baixa tensão (Cemig)
Norma de acesso baixa tensão (Cemig)
Norma de acesso autoprodutores (Cpfl)
Oficio Aneel 149/2022
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